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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Deus e o homem

- Eu sou Deus, disse o homem de casaco branco ao sem casaco.
- Prove-me, lançou-lhe em tom de desafio mais parecido com desacato que outra coisa.
O homem que disse ser Deus pigarreou, sorriu um sorriso moleque e devolveu:
- Você sabe quem é Deus?
- Ninguém sabe quem é Deus, retrucou desconfiado o outro.
- Eu sou Deus, repetiu o do casaco branco calmamente.
- Você me criou?
- Eu criei você, na minha mente.
- Então prove-me!
- Que queres que eu faça? Que aproxime o sol da Terra? Vai esquentar a Terra e o ar vai desaparecer. Que acha que vai acontecer com os teus irmãos?
- Podes separar as águas e os continentes.
- E quantas árvores ou sementes ou folhas ou algas, famílias inteiras, eu vou separar?
- Ué, podes ... trazer paz ao Universo. Porque os teus filhos ainda jogam crianças pelas janelas? Porque apedrejam seus semelhantes? Porque tanta tortura, tanto descabimento?
- Porque não crês em mim.
- Ué... e porque temos que crer em você? Você é um ser tão humano quanto eu.
- Porque se você se considerar Deus, como eu faço e assumo, não enxergarás mais à volta de ti tanta desgraça. A verá longe, e existirá enquanto todos os seres não obedecerem às minhas ordens.
- Ué, se pode dar ordens, porque não obriga os seus filhos a respeitá-las?
- Porque sou generoso. Não sou general.
O homem sem casaco olhou para o de casaco branco e não disse nada.
- Você sabe agora quem é Deus?, insistiu o de branco.
- É você?
- Sou eu.
- E eu?
- Te fiz igual a mim.
- Você me criou igual a você? Então te criei igual a mim e você saiu com defeito. Nâo criei meus filhos para se vangloriarem em meu nome e você deveria ser o primeiro a pensar assim.
- Perdão. Penso que os fins justificam os meios e me fazendo passar por Deus acabei ouvindo de ti a verdade. Somos tão iguais e únicos em nossas majestades aqui no Reino que acabamos nos esquecendo e até duvidando da nossa divina origem: a Criação.
O homem sem casaco olhou para o homem de branco, pensou, perdoou-o, e partiu.
O homem do casaco branco então de novo, e pensativo, encontrou-se sozinho.
...
Moral da história... qualquer um pode dizer-se Deus e safar-se impune.

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